Pesquisa mostra consumo descontrolado de antidepressivos

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Por Ivanildo Santos 22 de janeiro de 2010

Uma pesquisa do farmacêutico e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Reginaldo Teixeira Mendonça, mostra que o consumo de antidepressivos e ansiolíticos é a alternativa utilizada por muitas pessoas para superar conflitos pessoais e socioeconômicos e aumentar os limites do corpo. antidepressivo

A tese de doutorado A medicalização de conflitos: consumo de ansiolíticos e antidepressivos em grupos populares, orientada pelo professor da Faculdade de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo (USP), Rubens de Camargo Ferreira Adorno, estudou o consumo dos medicamentos por moradores de uma região da cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. A área para a pesquisa foi escolhida pela diversidade social, já que é constituída por favela, residências de luxo e antigas.

Mendonça observou que normalmente as pessoas procuram esses medicamentos para superar conflitos familiares, como a dependência econômica da mulher em relação ao marido, agressões e problemas financeiros. Há outras situações em que o consumo dos remédios aumenta a capacidade do corpo humano. São os casos dos médicos que tomam ansiolíticos para controlar o sono e assim manterem mais de um emprego. “É a solução que eles encontram para ganhar mais dinheiro e alcançar uma boa posição na sociedade”, explicou o pesquisador.

A manutenção do bom humor é outro fator de conflito enfrentado pela sociedade. Quando se encontra numa situação de desordem familiar, pessoal ou financeira, o ser humano inicia o desafio de manter um bom relacionamento no trabalho e nas demais circunstâncias do cotidiano. Nessa situação, o consumo de antidepressivos é a alternativa para assegurar a simpatia e o bom desempenho das atividades.

De acordo Mendonça, a principal causa do problema é a anulação das relações sociais. A falta de diálogo e de entendimento a cerca dos problemas sociais e psicológicos levam ao consumo descontrolado de medicamentos. “O que mais acontece é a transformação do problema social ou físico em um problema de saúde”, disse. Segundo ele, o uso desses medicamentos psicoativos tem a finalidade de auxiliar nos conflitos emocionais dos pacientes, mas acaba causando um rompimento do diálogo entre os envolvidos. É esse silêncio impossibilita a pessoa de encarar qualquer mudança em relação à sua vida cotidiana.

Vencedora do Prêmio Nacional de Incentivo à Promoção do Uso Racional de Medicamentos, organizado pelo Ministério da Saúde, a tese foi defendida em abril de 2009 com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT).