Pesquisa põe em cheque estereótipos das mulheres no Maranhão colonial

Pesquisa põe em cheque estereótipos das mulheres no Maranhão colonial
abril 15 14:43 2014

Winter1885to1886 - CópiaDurante séculos institui-se que o papel da mulher na sociedade restringia-se apenas à dona de casa, esposa e mãe. Entretanto, com os novos questionamentos surgidos, essa visão tem se desmistificado, mostrando que as conquistas atuais ecoam em séculos passados.

Investigações como a realizada pela pesquisadora Marize Helena de Campos desconstroem a visão que a historiografia tradicional cimentou. “As Donas do poder: economia e vida material de mulheres no Maranhão colonial (1755-1822)” descortina vivências encobertas dos estereótipos das mulheres que viveram no Maranhão entre os anos de 1755 e 1822, ainda no Brasil colonial.

“Partimos do campo relativo à História das Mulheres. Usando o acervo documental disponível no Maranhão, como os testamentos, as cartas de sesmarias (cartas de posse), e os inventários post-mortem”, explica a doutora Marize de Campos, professora do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão – UFMA.

A pesquisa que teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA revela uma gama de atividades econômicas e grande variedade de bens e do uso desses bens por partes dessas mulheres. dedicatria

Os documentos usados na pesquisa podem ser encontrados no Arquivo Público do Estado do Maranhão – APEM, Arquivo do Tribunal de Justiça do Maranhão – ATJ e Arquivo Histórico Ultramarino – AHU.

CAPA SENHORAS DONAS“Frisamos em nossos resultados como durante séculos a historiografia esteve carregada por um olhar marcadamente machista. As mulheres eram discursadas como preguiçosas, incapazes, medrosas e passivas, circunscritas ao lar e para as quais a única via de felicidade era colocada no casamento e filhos e todas que escapavam a esse ‘modelo ideal’ eram mal vistas, julgadas como masculinas, loucas ou prostitutas”, relata a doutora.

Os desdobramentos da pesquisa serviram de base para a produção de trabalhos científicos desenvolvidos por alunos de graduação em História da Universidade Federal do Maranhão, dentre os quais: Luana Pereira da Silva, Priscila Fernanda Sousa Lobato, Fernanda Oliveira de Souza, Arianna Costa da Silva, Ana de Lourdes R da Silva, Jeane Lustosa Menezes e Raíssa Rabelo Lindoso.

Sobre a motivação em seguir essa linha de pesquisa, Marize explica que “ao pensarmos em economia no período colonial na América Portuguesa temos em mente atividades dirigidas exclusivamente por homens”.

Os frutos desse trabalho podem ser conferidos no livro “Senhoras Donas – economia, povoamento e vida material em terras maranhenses (1755-1822)”, publicado por Marize Helena através do edital de Apoio a Publicação de Livros da FAPEMA.