Polpas de frutas comercializadas nas feiras de São Luís têm qualidade analisada
O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, com cerca de 40 milhões de toneladas por ano, o que corresponde a 6% do que é colhido no mundo, segundo levantamento realizado, em 2013, pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Este cenário vem fomentando outro mercado, a produção de polpas de frutas, que tem se mostrado como uma importante alternativa para o aproveitamento dos frutos durante a safra, permitindo a estocagem das polpas fora da época de produção dos frutos in natura. Estes, por serem perecíveis, sofrem com a deterioração em poucos dias, tendo sua comercialização dificultada, especialmente a longas distâncias.
“A qualidade das frutas constitui fator essencial no processamento das polpas, que devem ser sãs, limpas, isentas de sujidades, de parasitas, de larvas e detritos de animais. A importância desses cuidados é fundamental devido ao aumento de surtos de doenças transmitidas por alimentos associados ao consumo de frutas in natura e sucos não pasteurizados”, alerta a doutora em Ciências dos Alimentos, Adenilde Ribeiro Nascimento.
Adenilde Nascimento explica que alguns métodos são utilizados para conservação das polpas de frutas tais como a pasteurização, aditivos químicos e congelamento. Na maioria das indústrias e também na produção artesanal, a polpa é conservada exclusivamente pelo congelamento. Essa prática pode acarretar problemas da cadeia do frio durante a distribuição do produto, o que favorece o crescimento microbiano.
“As polpas de frutas, ainda que armazenadas, requerem atenção redobrada, por serem facilmente contaminadas durante a manipulação e o processamento. Essa contaminação pode se dar tanto em relação à higienização do ambiente como dos próprios manipuladores envolvidos no processo produtivo. O manuseio, além do armazenamento e do transporte, são fatores que contribuem para a ocorrência de enfermidades transmitidas por alimentos, se não forem realizados com os devidos cuidados”, esclarece.
Dada à importância que as frutas representam à economia brasileira e à dieta dos maranhenses, Adenilde Ribeiro Nascimento está coordenando o estudo “Caracterização físico-química, microbiológica, quantificação de vitamina C e avaliação da atividade antioxidante das polpas de oito frutas regionais comercializadas nas feiras de São Luis – MA”. “Esta pesquisa tem como objetivo avaliar as condições higiênico-sanitárias, determinar o teor de vitamina C e os antioxidantes das polpas de frutas que são comercializadas nas feiras da cidade”, pormenoriza.
No estudo, estão sendo analisadas polpas de bacuri, cupuaçu, caju, acerola, goiaba, graviola, murici esiriguela, adquiridas aleatoriamente nas feiras e mercados São Luís. “Estão sendo coletadas amostras mensais. Após as coletas, as amostras serão conduzidas ao Laboratório de Análises Físico-Químicas de Alimentos e Águas e Laboratório de Análises Microbiológicas de Alimentos e Águas do Programa de Controle de Qualidade de Alimentos, da Universidade Federal do Maranhão”, conta a pesquisadora, que recebe o apoio da FAPEMA, por meio do edital Universal (nº 001/2013) para o desenvolvimento do trabalho
Nesse exame, serão analisadas, além da caracterização microbiológica, a quantificação de vitamina C e atividade oxidante, a caracterização físico-química dos componentes principais, como umidade, lipídios, carboidratos, proteínas, calorias, valor calórico, fibras, pH e açúcares totais.
“As polpas de todas essas frutas são de extrema importância para a comunidade ludovicense, especialmente para as pessoas que desenvolvem essas atividades geradoras de renda, porque passarão a ter conscientização acerca de um melhor desempenho no processo produtivo das polpas, assim como na garantia da segurança alimentar”, argumenta a pesquisadora.
No desenvolvimento do estudo, Adenilde Ribeiro Nascimento conta com o apoio dos doutores em Química Analítica, Victor Elias Mouchrek Filho, João Elias Mouchrek Filho e Nestor Everton Mendes Filho; da doutora em Ciências, Vera Lúcia Neves Dias; da química industrial, especialista em Tecnologia de Alimentos, Paula Coelho Everton; do doutor em Ciências e Tecnologia de Alimentos, André Gustavo Lima de Almeida Martins; da mestra em Tecnologia de Alimentos, Josilene Lima Serra; da especialista em Tecnologia de Alimentos, Amanda Mara Teles; e do estudante de Química Industrial, Dionney Andrade de Sousa.