Prevenção do HPV em estudantes da rede estadual de São Luis é objetivo de pesquisa
O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira, 1º de julho, a incorporação da vacina contra o Papiloma Vírus Humano, o HPV, no calendário nacional de vacinação. Ou seja: a dose estará disponível nas redes do Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 10 e 11 anos. A medida já vinha sendo estudada pelo Governo Federal há pelo menos um ano e tem como objetivo a redução da incidência dos casos de câncer de colo de útero.
As estatísticas mostram que em todo o país surgem anualmente quase 20 mil novos casos de câncer de útero, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, o INCA. Pelo menos 80% deles são provocados pelo HPV. No Maranhão, o INCA prevê que surjam pelo menos 780 casos de mulheres vitimadas por esse tipo de câncer.
No entanto, quando detectado cedo, as chances de cura do câncer de colo uterino chegam a 100%. Para auxiliar nesse processo, a pesquisadora Selma do Nascimento Silva, da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, está desenvolvendo, desde agosto de 2012, uma pesquisa que vai auxiliar na assistência à saúde da mulher, com foco na prevenção do câncer de colo do útero.
O trabalho é realizado em algumas escolas públicas da rede estadual de ensino de São Luís. A intenção é orientar as adolescentes sobre os fatores de risco para a doença e também conscientizar sobre a realização periódica dos exames. “Já cumprimos 45% da meta proposta dentro do projeto. Nossa ideia é principalmente orientar adolescentes e conscientizá-las sobre a necessidade de realizar exames preventivos de papanicolau”, explicou Selma Nascimento.
Do projeto participam 15 pessoas, entre professores, alunos e técnicos de laboratório. Nas salas de aula são ministradas palestras que abordam temas como: prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, contracepção na adolescência, gravidez precoce e a importância da realização do preventivo. Paralelo às palestras, são realizadas atividades recreativas e a coleta de preventivo – com autorização dos pais para menores de dezoito anos – caso as adolescentes aceitem as orientações e o serviço oferecido.
Um dos maiores problemas identificados foi o desconforto das adolescentes. “A grande dificuldade é que alunas sentem vergonha em realizar o exame, pois fazer o exame é admitir não ser mais virgem. Acho que esse é o ponto mais grave e negativo do nosso trabalho. Então, o número de atendimentos para a realização do exame ainda é pequeno”, afirma. Além disso, a falta de consciência dos professores, dentro da escola, para lidar com o tema preocupa os pesquisadores.
Apesar disso, a pesquisa deverá ser ampliada para outras unidades educacionais. É o que planeja Selma Nascimento. “Já conseguimos extrair o máximo das alunas das escolas selecionadas inicialmente, isso porque nosso objetivo também e oferecer o serviço de exames gratuitos. Por isso, achamos importante ir à busca de novos locais. Vamos concluir as últimas sobre ‘câncer e alimentos’ e iniciar um novo ciclo”.
Essa pesquisa foi contemplada pelo edital AEXT (Apoio a projetos de extensão) nº19-2012 da Fundação de Amparo a Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA.
Segundo a pesquisadora, o papel da Fundação viabiliza melhorar o conhecimento acadêmico, dando a possibilidade de conscientizar ao corpo discente da importância das atividades curativas e da orientação à população. “O apoio da FAPEMA torna real uma preocupação dos profissionais de saúde em proporcionar conhecimento sobre o câncer do colo uterino, conscientizar as mulheres da importância da prevenção, as encorajando desde cedo a realizarem com frequência o exame preventivo contra o câncer de colo uterino; orientar sobre os fatores de risco, ressaltar as vantagens de uma detecção precoce da doença, esclarecer possíveis dúvidas sobre o exame de papanicolaou, visando assim, quebrar certo ‘embaraço’ que ainda existe por parte de algumas mulheres em realizarem o exame”, elogiou.