SBPC E ABC apresentam Carta de Intenções à candidata à Presidência, Dilma Rousseff
O Brasil precisa de uma urgente reformulação na educação, que contemple, sobretudo, a valorização e qualificação do professor do ensino básico, a melhoria do ensino técnico e as diferenças interregionais. Esse foi o primeiro ponto destacado na Carta de Intenções entregue à candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, por representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciências (ABC). O documento foi apresentado na tarde desta quarta-feira (28), durante a visita da candidata à 62ª Reunião Anual da SBPC, que acontece na Universidade Federal do Rio Grande do Norte até o próximo dia 30.
“Somente a educação pode tornar o Brasil competitivo. O país deve estar na fronteira de produção do conhecimento, porque isso é fundamental para o domínio de grandes questões no mundo contemporâneo, como as mudanças ambientais, a produção de energias renováveis, satélites, biotecnologia e nanociência, a mitigação da violência e redução da pobreza”, discursou o anfitrião do evento, Marco Antônio Raupp, presidente da SBPC.
Outra questão levantada durante a leitura da carta foi a necessidade de intensificação da inovação tecnológica nas empresas. “Ainda é muito reduzido o número de empresas que investe em pesquisa. Sem isso elas não inovam, perdem produtividade e correm o risco de serem ultrapassadas pela concorrência internacional”, pontuou o presidente da SBPC.
De acordo com Raupp, o Brasil já tem bons exemplos de áreas econômicas que se desenvolveram graças ao investimento em ciência, e é necessário replicar essas experiências. “O sucesso do agronegócio brasileiro se deve enormemente à Embrapa. No petróleo, o que dá competência à Petrobras para que ela seja referência mundial em águas profundas é o seu centro de pesquisas. Na aeronáutica, o exemplo é a Embraer, criada com suporte do Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA) e do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), e hoje é a terceira maior fabricante de aviões do mundo.”
Para o presidente da SBPC, é necessário criar ‘novas Embrapas’ para a Amazônia, para a exploração do mar, para o desenvolvimento do Semi-Árido e para os setores industrial, elétrico, farmacêutico e microeletrônico. “A agenda de ciência e tecnologia deve estar fortemente vinculada ao desenvolvimento social”, enfatizou.
Dilma Rousseff elogiou a atual política de investimento no setor, que, segundo ela, tem feito da ciência e da educação instrumentos de modificação do país. Ela citou como exemplo o número de bolsas do CNPq e da CAPES que foram dobradas em 2010, totalizando mais de 160 mil bolsas da iniciação científica a pós-graduação. Falou ainda sobre o incremento no índice de mestres e doutores brasileiros, que hoje já chega a 50 mil titulados. Outro dado levantado pela ex-ministra foi o crescimento da produção cientifica no país, que aumentou em 57%, entre os anos de 2007 e 2009. “O Governo Federal injetou mais recursos em pesquisa e em desenvolvimento tecnológico e a distribuiçao passou a se dar de forma mais democrática entre os estados”, defendeu.
Amanhã, a Carta de Intenções da SBPC e da ABC será apresentada à candidata do PV, Marina Silva. Os três principais candidatos à presidência da República foram convidados pela SBPC a participar de momentos de discussão com pesquisadores e estudantes, durante a realização da Reunião, em Natal/RN. Apenas o candidato tucano José Serra não confirmou visita ao evento, por conta de compromissos já agendados para esta semana.