Sistemas digitais de Raio-X auxiliam profissionais da odontologia em diagnósticos e tratamentos mais precisos

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Por Ivanildo Santos 26 de janeiro de 2016

Com a evolução da tecnologia, a radiografia digital vem ganhando cada vez mais espaço na área da saúde e, aos poucos, vem substituindo as radiografias convencionais. Nos consultórios de odontologia, por exemplo, a tendência é a substituição dos raios-x tradicionais pelos digitais, devido a vantagens como tempo e manipulação da imagem.

Os sistemas digitais reduzem a dose de exposição à radiação ao paciente e o software que acompanha o equipamento apresenta funções básicas como brilho, contraste, negativo, zoom; os mais complexos oferecem até ferramentas de mensuração angular e de histograma.

00consultoriosVantagens

Entre as principais vantagens que a radiografia digital oferece, a precisão dos diagnósticos, devido a melhor formação das imagens, é, sem dúvidas, a mais atrativa para os profissionais da área. Com isso, fica mais fácil escolher os materiais utilizados nos procedimentos com o objetivo de garantir o sucesso do tratamento.

No entanto, faz-se necessário o teste da radiopacidade destes materiais, ou seja, o quão visível esses materiais são na radiografia, o que permite a melhor seleção das opções de resinas, por exemplo, utilizadas nos tratamentos odontológicos.

Este foi o tema de uma pesquisa realizada pelo professor Marcos André dos Santos Silva com Mariana Gonçalves Cordeiro e Leily Macedo Firoozmand, da Universidade Ceuma, para verificar os tipos de resinas utilizadas em tratamentos dentários que melhor se apresentam nas radiografias digitais. O estudo “Radiopacidade de Resinas Compostas a base de metacrilato e silorano utilizando sistema radiográfico digital” foi apresentado recentemente durante o XX Congresso da IADMFR – Intenational Association of Dentomaxillofacial Radiology, que aconteceu em agosto, em Santiago, Chile. Por meio da aprovação de sua pesquisa no edital APEC, Marcos teve a oportunidade de fazer uma apresentação oral de seu estudo, além de trocar conhecimento com profissionais de todo mundo.

Radiopacidade e resinas
De acordo com Marcos André, no tratamento de dentes posteriores o tipo de resina utilizado deve ser tão radiopaco quanto o esmalte do dente; isto facilita a visualização radiográfica de microinfiltrações, fissuras, fendas e lesões iniciais de cáries. A partir de algumas resinas disponíveis no mercado e comumente mais utilizadas, o pesquisador avaliou o comportamento de cada uma a partir da radiografia digital. “Estudamos seis tipos diferentes de resina. Elas têm a base de formação metacrilato e silorano. E por meio da avaliação do comportamento de cada uma na radiografia digital foi possível definir quais tipos eram os melhores para usar nos tratamentos dos pacientes”, explicou.

Grande parte das resinas compostas empregadas atualmente é formada à base de metacrilatos e tem como desvantagem uma contração do material durante a sua polimerização. Já as resinas a base de silorano são novos materiais que tem sido bem investigados tanto clínica, como laboratorialmente. Quando avaliada clinicamente, a resina a base de silorano parece apresentar contatos proximais estáveis tanto, imediatamente após confecção de alguns tipos de restaurações, bem como após seis meses de acompanhamento clínico

Avaliação
Para avaliar os tipos de resina e suas radiopacidades, a equipe de pesquisadores fez amostras em forma de pastilhas, a partir da inserção das resinas compostas utilizando uma matriz cilíndrica com 5mm de diâmetro e 1 mm de espessura, formando seis grupos experimentais. “Nós pegamos a resina e fizemos um corpo de prova. Colocamos em uma lâmina os seis tipos de resina e a fatia de um dente e tudo isso foi colocado juntamente com um padrão em escala de alumínio e fazíamos a imagem radiográfica. Aí, aparecia lá a radiopacidade de cada resina. E eu tive como comparar com a escala de alumínio e com o próprio dente. E foi possível comparar a radiopacidade de cada material desse, a partir do próprio software do equipamento”, disse.

A partir da avaliação das lâminas, foi possível verificar que as resinas compostas apresentam diferentes densidades radiográficas, sendo que grande parte das resinas testadas apresentam radiopacidades superiores ao do esmalte dental. A resina P90 a base de silorano e que apresenta baixa contração de 00consultorios2polimerização foi a que apresentou valores de densidade radiográfica mais próxima à da dentina. Enquanto que a resina TPH Spectrum foi a que apresentou maior radiopacidade.

“No caso específico desse trabalho, nós utilizamos o sensor para observar como as resinas se comportavam, como é a imagem radiográfica dessa resina. E nós vimos que a diferença neste grupo de resinas, umas tem uma radiopacidade melhor para se observar em uma radiografia do que outras. Então, a conclusão que chegamos é que algumas resinas tem uma qualidade de visualização, qualidade radiográfica melhor que outras e logicamente essas se beneficiam mais na hora que a gente vai olhar na radiografia”, comentou.

Estudos como o de Marcos André permitirão diagnósticos mais precisos nos consultórios odontológicos, a partir da escolha de resinas que melhor podem ser visualizadas nas radiografias, facilitando o trabalho inclusive de profissionais que ainda não trabalham com a imagem digital. “Apesar de muitos consultórios já terem sistemas digitais, ainda é muito caro para um profissional adquirir um equipamento desse. E conhecer os melhores tipos de resinas e usá-las no cotidiano do consultório pode garantir o sucesso dos tratamentos”, finalizou.