Tecnologia de baixo custo amplia uso da telemedicina no Brasil
O projeto de diagnóstico à distância TIPIRX, financiado pela FINEP, leva soluções de baixo custo a municípios do Estado do Rio de Janeiro para tratamento de doenças pulmonares. No Rio de Janeiro ocorre a maior incidência de casos e de mortes por tuberculose no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Outras doenças, como pneumonia e gripe, de risco especialmente alto para pacientes idosos ou debilitados, também são alvo do programa. Desde 2002 a FINEP apoia iniciativas na área de telemedicina, ou seja, medicina à distância. Até agora, já foram investidos cerca de R$ 30 milhões, além de mais de R$ 100 milhões concedidos para o trabalho de estruturação de redes de comunicação.
A importância do investimento em telemedicina é possibilitar o acesso a exames e médicos a pessoas que moram em lugares onde esses recursos não estão disponíveis. Muitas vezes o paciente é obrigado a se deslocar para outras cidades para suas consultas, e isso frequentemente dificulta ou até inviabiliza o tratamento. “Há pacientes que nem sequer chegam a ser diagnosticados por isso, ou quando são, já é tarde demais”, diz a doutora Alexandra Monteiro, professora-adjunta da Faculdade de Ciências Médicas e coordenadora do Laboratório de Telessaúde da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
A ideia inicial do projeto partiu da necessidade de se identificar uma solução de custo mais baixo que viabilizasse a digitalização de imagens do tórax, tendo como prioridade acelerar o diagnóstico da tuberculose feito remotamente, via internet. O projeto tem como foco o Programa Telessaúde Brasil, do qual a Uerj é o núcleo no estado do Rio. Dez estados fazem parte desse programa do Ministério da Saúde. “Dentro do escopo maior do Telessaúde Brasil, cada núcleo desenvolve uma expertise diferencial. No Rio, é a teleconsultoria na telerradiologia pulmonar”, explica Alexandra.
Um dos principais problemas a serem enfrentados era o alto custo das soluções disponíveis no mercado para a telerradiologia. A solução sustentável veio da equipe coordenada pelo professor Amit Bhaya, engenheiro e professor titular da Coppe/UFRJ. Ele desenvolveu um processo inovador, utilizando um scanner convencional em conjunto com um software original – o ScanX – de uso totalmente amigável, com linguagem simples, e que pode ser operado por leigos. Basicamente, um exame de raios X em filme convencional é escaneado em quatro partes (por causa do tamanho do filme), e a imagem é automaticamente ‘costurada’, formando uma única imagem digital completa. O arquivo gerado é compactado o suficiente para não perder detalhes de definição, sem se tornar muito pesado para ser transmitido de locais com conexões lentas à internet. “Tudo foi pensado para ser utilizado por usuários que saibam usar o básico num computador”, explica o professor Amit.
A imagem digitalizada do exame é anexada a um formulário eletrônico desenvolvido no Núcleo RJ no Telessaúde Brasil e enviada a uma equipe de teleconsultores dos serviços de radiologia do HUPE (Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Uerj), HUAP (Hospital Universitário Antônio Pedro, da UFF) e HUCFF (Hospital Universitário Clemente Fraga Filho, da UFRJ). A resposta é enviada de volta no mesmo formulário. Todo o procedimento segue as resoluções éticas do Conselho Federal de Medicina e da resolução específica em Telerradiologia, aprovada este ano.
Leia aqui a matéria completa na revista Inovação em Pauta nº6.