Terapia assistida com animais ajuda a tratar pacientes com Alzheimer
Estudo realizado pela aluna de psicologia e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), Luciana Teixeira Guimarães, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mostra os benefícios propiciados pela terapia assistida com animais, em idosos institucionalizados com diagnóstico de processo de demência tipo Alzheimer.
A revelação é que os idosos, sobretudo quando institucionalizados, sentem uma enorme necessidade de receber demonstrações de afeto, como o toque, atenção e carinho, o que muitas vezes acaba não ocorrendo, pois estão afastados do convívio social. De acordo com Luciana, a terapia com animais enfatiza bastante o tato e o contato, além de exercitar habilidades cognitivas como a memória afetiva, ou seja, aquela despertada por algum fato que traz lembranças com certa ligação afetiva.
A coleta de dados ocorreu por meio de observação, durante o tratamento em atividade assistida do Instituto Nacional de Ações e Terapias Assistidas por Animais (Inataa) – Projeto Cão do Idoso, realizado na Associação Beneficente A Mão Branca de Amparo aos Idosos, em São Paulo.
O método aponta diversos benefícios aos pacientes, tais como: diminuição da pressão sanguínea e frequência cardíaca, do uso de calmante e antidepressivo; melhora do sistema imunológico; estímulo da interação social; melhora da capacidade motora; diminuição da quantidade de medicamentos utilizados e melhoria da auto-confiança e auto-estima.
Segundo Luciana, o projeto recebe o acompanhamento de profissionais de diversas áreas. Veterinários, psicólogos e assistentes sociais são alguns especialistas envolvidos. Os cachorros estão sempre muito limpos e com exames que comprovam sua saúde. São escolhidos levando-se em conta as necessidades dos assistidos, uma avaliação de comportamento, para impedir situações desagradáveis, como mordidas, latidos inadequados, brigas com outros cães, inquietude, ou mesmo a falta de interesse na interação.
“Na relação com o cachorro permeiam-se sensações, emoções, palavras, imagens e posturas. O animal passa a ser um caminho pelo qual o idoso pode expressar de forma corporal e simbólica com suas lembranças, seus sentimentos, pensamentos e conceitos. Recordar vivências é o caminho da re-significação da história pessoal presente. Caso estas senhoras tivessem suas comunicações invalidadas, consideradas sem sentido, avaliadas em falsas memórias, a sua verbalização diminuiria, o que poderia acarretar no avanço da situação de Alzheimer”, finaliza Teixeira.
A pesquisa foi orientada pela professora Regina Célia Gorodscy, doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP) e co-orientada pela docente Ruth Lopes, coordenadora do Programa de Estudos Pós Graduados em Gerontologia, da PUC-SP.