Trabalho sobre a passagem do antimônio para o leite materno na lactação recebe prêmio

Trabalho sobre a passagem do antimônio para o leite materno na lactação recebe prêmio
outubro 02 11:39 2009

O trabalho de uma pesquisadora do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) recebeu menção honrosa no 1º Encontro Ibero-Americano de Toxfotomicrografia_parasitasicologia e Saúde Ambiental (Ibamtox). O estudo, que investiga a passagem do antimônio para o leite materno durante a lactação, foi desenvolvido pela biomédica Karen Friedrich. “O antimônio é o elemento principal do medicamento de escolha para o tratamento das leishmanioses no Brasil”, explica. O evento premiou 28 das 152 pesquisas expostas e foi realizado em Ribeirão Preto (SP). Agora, Karen pretende que o trabalho laureado (intitulado Milk, blood and organ distribution of antimony in lactating rats treated with meglumine antimoniate) se transforme em artigo a ser publicado em revista científica indexada.

Em sua pesquisa, a biomédica administrou o antimônio em ratos lactantes e observou a transmissão do elemento químico das mães para as proles durante a amamentação. Essa conclusão já seria suficiente para não se recomendar o uso de remédios com antimônio em lactantes humanas, mas o estudo da cientista foi além e lançou uma discussão levando-se em conta a condição social do país. “A maioria dos infectados por leishmaniose são pessoas em condições sociais precárias, muitas vezes com dificuldade de acesso a substituintes adequados para o leite materno. Dessa maneira, a restrição da amamentação durante o tratamento com antimoniais é uma questão complexa que extrapola o ambiente acadêmico”, observa.

As leishmanioses infectam em torno de 30 mil pessoas a cada ano no Brasil. Como atinge majoritariamente a população pobre, as indústrias farmacêuticas por ela pouco se interessam em virtude do provável escasso retorno financeiro. Desse modo, cabe às instituições públicas, como a Fiocruz, a tarefa de conhecer melhor essas doenças negligenciadas e, principalmente, os medicamentos destinados a seu tratamento. “É nesse quadro que meu trabalho se insere”, conclui Karen.

O trabalho premiado da biomédica faz parte de sua tese, chamada Estudos da cinética do antimônio e alterações de citocromos P450 hepáticos em primatas e ratos tratados com antimoniato de meglumina, desenvolvida durante seu doutorado na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e defendida em 2008.